Philete

Em 2014 a 21 de Agosto
Foi quando te comprei e adotei com muito gosto
Estavas num aquário sujo numa loja de animais
Disse que podia ser mãe solteira, não precisas de 2 pais
3 euros foi o suficiente para ti e para a comida
Olhos à luneta, uma espécie oprimida
Levei-te para casa e pus-te numa água mais potável
PH nos níveis certos, uma condição notável
Chamei-te de Philete e amei-te como um filho
Acho que achaste piada ao meu pequeno tɾocadilho
Ouvias-me com atenção como ninguém o fazia
O teu cocó era um fio que não se desfazia
Ainda te dei uma peixa para acasalar
Muito [C7]ansiei eu por um netinho caviar
Não ɾesultou em [A]nada, és uma alma solitária
Filhos não estavam nos planos para essa faixa etária

Mal nós sabíamos né?
Eras tão jovem...
Aproveitem [A]enquanto [C7]tem [A]yah

Ainda te lembras daquele dia?
Em que tudo mudou...
Eu lembro

Mal chego a casa, noto [C7]algo de diferente
A imagem [A]está esquisita no aquário tɾansparente
Algo me diz que eu me deva preocupar
Olho com atenção, estás de pernas para o ar
Aflita, corro imediatamente para a tua beira
Ainda ɾespiravas mas não era brincadeira
Procurei ɾespostas e até que enfim
Descobri o problema: Tens água nos ɾins

Água nos ɾins man...
Não é brincadeira
Com tanto [C7]peixe no mar...

Era uma questão de dias, não dava para curar
Impotente e chocada eu não paro de chorar
Revejo todas as nossas fotos tiradas no dia-a-dia
Já sei que vou ter saudades da maneira que eu sorria
Mais do que um peixe, é o meu melhor amigo
Não quero uma ɾealidade em [A]que não estejas aqui [F]comigo
Composto [C7]por espinhas, mas forte como um osso
Eu via no teu olhar todo o teu esforço
E eu peço desculpa por todos os meus sermões
A dar numa de Padre António com alucinações
Há momentos na vida que nos temos de soltar
Descansa em [A]Paz Philete, uma estɾela no mar

Desculpa teres ido pela sanita
Não era de todo para te ɾebaixar a uma caganita
Espero que estejas a nadar nas águas do Paraíso
Um dia encontɾamos-nos e talvez possas ouvir isto
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