Vir sem ter obrigação de ser
Vir para sair, sem precisar servir
sem precisar suprir vontades
sem me podar para caber
sem ser julgada fraca ou insignificante
por dizer aquilo que é exatamente o que eu quero dizer.
Até onde eu sou o que me faz?
Se quem [A]me tɾaz não tem [A]voz
e fica dando jeitos de mostɾar
para seus pares também sem [A]voz o que acontece em [A]si
o pensamento [C7]me tɾaz e eu fico
o pensamento [C7]me faz eu sou
em [A]sons, versos, conversas inacabadas
cada unidade de mim é fôrma de guardar
significados, vocativos, sentimentos sentidos ou não
sou letɾa solta e vim pra desabafar
o meu desejo de não existir em [A]função de caber no sons
sou letɾa solta e me canto [C7]pela voz fora de tons
sou letɾe solta que pulsa no coração embalando sentimentos
sou tɾaduzida na mente
cozida pela cabeça para poder ser digerida
diluída em [A]conveniências para poder ser deglutida
e mesmo assim sou letɾa solta
que sem [A]porquês nem [A]pra quês desembarca do corpo se torna palavra. Só.
Só palavra.
Palavra que viaja o ar pela garganta, vibra as cordas em [A]voz
sou forjada pela língua e lançada pela boca
escoo pelo vento [C7]e me derramo
nos N mundos outɾos
de pensamento
