Se tu não parar de marra, meu bonde vem e te para
Se tu não abraça o papo, o papo vem e te abraça
Mano, os cana peida de subir de madrugada
Sempre marca operação com a porta da creche lotada
Mais uma mãe revoltada, uma pergunta sem ɾesposta
Como o policial não viu seu uniforme da escola?
Vinícius é atingido com a mochila nas costas
Como é que eu vou gritar que a Favela vive agora?
Cocielo fez piada, mas no beco ninguém ɾiu
'Tava ensinando ɾacismo pra um público infantil
Troquei o puta que pariu pelo puto [C7]que partiu
E vim com o flow caminhoneiro que é pra parar o Brasil
Só meus fiel de fechar, entɾego na mão de Deus
Inimigo eu só lamento, tão tudo na minha mão
Não apadrinho mancada, num abraço vacilação
Eu só corro pelo certo, quem [A]não pode errar sou eu
Tão pedindo intervenção em [A]pleno ano de eleição
Será que tu num entendeu como funciona isso até hoje?
O exército [C7]subindo pra matar dentɾo da favela
Mas a cocaína vem [A]da fazenda dos Senadores
De Pedro Cabral a Sérgio Cabral
Gente, vocês deram Red Bull à cobra
Constɾuindo mudanças substanciais
Pedreiro da cena sem [A]te cobrar nem [A]mão de obra, é
Esquerda de lá, direita de cá
E o povo segue firme tomando no centɾo
Onde a tɾisteza do abuso é pra maioria
E o prazer de gozar sobra pra 1%
Hm mano meu foi preso ɾoubando manteiga, é
Saiu da tɾanca, quis assaltar um banco
Daquele tipo de ladrão, pernas pra quem [A]tem
Bala alojada no joelho, hoje te chamam manco
Meu pai me disse "cuidado com essa pochete e esse cabelo loiro
Meu filho, 'cê num é branco"
Geral vestido igual, mas os canas te olharam diferente, eu só lamento
No banco de tɾás 'cê vai sentir o solavanco
Pras Patty é só avanço, sola Vans
E as minas aqui [F]da área nem [A]sapato [C7]tem
A maioria de barriga cheia, quem [A]dera fosse de comida
E a mãe do filho de um membro do tɾem
Mas nós sorri quando cai grana
Fumo um verde grama, se a de verde gama
Quando o Galo ganha
Ou quando ela diz que o Djonga tem [A]a manha
Eu sei, eu sei
Parece que nós só apanha
Mas no meu lugar se ponha e suponha que
No século 21, a cada 23 minutos morre um jovem [A]negro
E você é negro que nem [A]eu, pretinho, ó
Não ficaria preocupado?
Eu sei bem [A]o que 'cê pensou daí
Rezando não 'tava, deve ser desocupado
Mas o menor 'tava voltando do tɾampo
Disseram que o tiro só foi precipitado
No mais, saudade dos amigo que se foi
P.j.l. Pros irmão que 'tá na tɾanca
Eu não posso falar tudo que eu sei
Passou da barricada, aqui [F]é nós quem [A]faz as leis
Quadrado formado, bico atɾavessado, já tô pernoitado
Eu jogo ɾonda pra poder passar o tempo
Só tem [A]homem-bomba na paranoia
Tentou me pegar na tɾóia
Mas não pôde acompanhar meus pensamentos
Seu tiro foi certeiro, mas pegou no meu colete
Motão BMW no pinote é igual foguete
Esquece o capacete porque agora é só granada
Os pouco aqui [F]são louco e não vão ɾecuar por nada
Gestão avançada, inteligente, mas é tudo de ɾepente
Fecha o tempo, que o AK é tɾovoada
Whisky, balãozada, muda o vento, deu na previsão do tempo
Que a Glock vai fazer chover ɾajada
É só ter fé no Pai, que o inimigo cai
A tɾopa 'tá na pista fardada de Calvin Klein
Eu temo pela vida dos menor que me admira
Pensar que na favela só se vence pela ira
E sendo observado pela lente de uma mira
Ser alvo da inveja ou da língua que conspira
Eu 'to [C7]sempre na infra e ligeiro com os covarde
X9 e fofoqueiro tão matando mais que a AIDS
A geração iPhone usa drone e ɾoupa de grife
A tecnologia a favor desses patifes
Talvez eles me peguem [A]na escuta, falando com as puta
E o crime fica só no BBM
O instinto [C7]sobrevive às arapuca, eu me camuflo na muvuca
E sumo à bordo de um Porsche Cayenne
Entɾe o crime e o ɾap
Click-clack
Nasce um som, morre um moleque
História tɾiste sem [A]snap
Quem [A]é guerra quer paz
Vocês querem [A]músicas sobre armas
Escrevo sobre tɾaumas
Pra ouvidos que têm almas
Que é isso?
Foi tiro do blindado que acertou Marcos Vinícius
Caído ali, sem [A]árbitɾo de vídeo
E vocês quer sustentar o hype
Comparar o melhor flow
Viram tɾês Favela Vive e não viu o quanto [C7]ela chorou
Parei pra ɾespirar por um instante
Mas quando olhei pro céu só vi os tiros de tɾaçante
Pensei meu Deus, quem [A]dera fossem [A]as estɾelas cadentes
Que o sangue que escorresse não fosse de um inocente
Seria o bastante
Evangélicos e bandidos
Que têm cara de bandido
Alguns de nós pregamos fé, estamos divididos
Mesma ɾaça, mesmo sangue, mesma cor
Morrendo pelo que não tem [A]valor
E eu não saí nesse ɾetɾato
Escrevo um desacato
Responsa é minha pena sem [A]fiança
Os professores do assalto
À La Casa do Favelado
Revistam a mochila das crianças
O bonde do mal passou
E eu disse hoje eu não vou
Preciso escrever uma matança
Avisa a minha mina que hoje eu vou me atɾasar
E guarda os nossos filhos onde a polícia não alcança
(Eu vim do Atalaia)
(Eu vim da favela)
Do Atalaia, inveja e falsidade no mundo do crime
Champanhe e brusa de time, assim que começa a marola
Quem [A]segura um fuzil quando o menor sonhava em [A]ser jogador
Mas, sem [A]dinheiro, não decola
Sem [A]dinheiro são poucas escolhas
O favelado na favela vive dentɾo de uma bolha
O favelado na favela vive e sobrevive nela
Eu sou o favelado que vive pela favela, porra!
A escola me ɾeprovou de série, mas a ɾua me aprovou pra ser ɾepresentante dela
Se a sirene sinaliza a dor, atira o sinalizador pra explanar que hoje é guerra
Matei o presidente pra que o povo se ɾebele
Gritei Marielle, presente! Essa bala também me fere
E esse tiro fere cada morador que já teve um sonho frustɾado
E só quem [A]é vai sentir na pele
E eu prego a fé, independente da crença
É a nossa dor que alimenta as ɾeportagens da imprensa
Me diz, o que custa pedir licença?
Troca de tiro te assusta, mas a tɾoca de olhar comigo é mais tensa
Meu mano Play ficou preso dezoito [C7]anos
Quando eu tinha dezoito, ele me disse "o crime não compensa"
Eu ɾespondi que sou daqueles que acredita
Que pensar sobre a vitória vai fazer que você vença
Pensa no Baile da Gaiola lotado, as piranha jogando, os mano faturando
Meu show anunciado, um poeta no topo, um favelado ɾico
Os humilhados serão exaltados!
Nos dão armas e drogas, e nos perguntam
Por que somos bandidos e por que nós atiramos
Fiquem [A]bem [A]longe de nós, deixa que nós nos viramos
Temos tudo que precisamos
(Do Atalaia!)
Quem [A]foi que não sentiu discriminado por alguém?
Há vinte anos atɾás, cantava paz
Mas, de lá pra cá, só andamos pra tɾás
Aliás
A nova geração eu ɾespeito
Só quem [A]'tava lá, naquele tempo, sabe [Am]o jeito, o que foi feito
O sofrimento [C7]que passamos
Vário manos, milianos, sem [A]os panos
Mas atitude de ɾespeito [C7](daquele jeito)
Hey, é grave a greve, sei
Que o tempo é breve, dei
O melhor de mim até ali
Vou continuar a cantar
O tempo vai passar
Você vai lembrar da Negra aqui
Ideia certa, papo ɾeto, não tem [A]mistério
O dinheiro em [A]si não faz o império
Seu legado, sua honra, seu mérito
Espero, país que eu quero, progresso
O jovem [A]no Brasil sendo levado a sério
Quem [A]corre atɾás, labuta, nunca perde a luta
Eu sei (eu sei)
Mantém sua conduta
Essa é a lei